terça-feira, junho 14, 2005

Um JellyJah para dois VII

É ele. Inês sorria como os apaixonados sorriem, com um sorriso idiota que resulta da mistura do desejo de ser descoberto e do desejo de descobrir. Não pode ser, é demasiada coincidência, pensava ainda Inês.
Será que o telemóvel ia tocar? Será que devia responder? Não seria mais ponderado esperar, nem que fosse umas horas, porque no amor e na guerra todos os gestos contam, todas as intenções podem ser analisadas pela outra parte exactamente ao contrário do que era esperado. Sim, sobretudo, os homens, que não conseguem distinguir um verde-água de um verde-escuro. Inês tinha a certeza que o sexo masculino era daltónico até no amor, o verde é verde e ponto final, dizem eles.
-Já respondeu? Perguntou Maria.
-Já. Achas que lhe responda?
-Não Sei… Joana!!! Joana!!! Ele Respondeu!!!
-Contaste à Joana?
-Foi só à Joana…
Joana, que estava sentada do outro lado da sala, parecia uma gazela na savana, literalmente saltava por cima de cadeiras e de colegas…
-O que é que ele disse? Perguntou ofegante.
-Só isto.
-Feijó?
-É uma conversa nossa…
Maria e Joana discutiam sobre se Inês deveria ou não responder e em caso afirmativo, o quê?
Na repartição pública, só o som abafado do selo branco impedia Pedro de se alhear por completo do mundo. A barriga tremia e era acompanhada pelas pernas, que teimavam em não obedecer ao cérebro. Mas como é que ela tem o meu número? Se calhar ficou de tal maneira fascinada… O telemóvel voltou a tremer. Não havia número no visor, era anónimo. Será ela? Atendo Já? Ou deixo tocar?

2 Comments:

Anonymous Anónimo diz...

Estás a armar-te em Vera Roquette?

14 junho, 2005 19:59  
Anonymous Anónimo diz...

A Vera Roquete é uma das minhas referencias literárias. O Agora Escolha é um dos programas mais importantes da história universal da TV. Eu gostaria de ser como a Vera, mas não consigo.

15 junho, 2005 11:42  

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